Hoje é o dia da mulher… Sempre me pergunto o que esse dia significa e o que é ser mulher na nossa atualidade… Não tenho as respostas, pois, enquanto mulher estou sempre em construção… Deixo para vocês mulheres um poema meu (e uma reflexão), escrito há alguns anos. Possivelmente, cada um que ler será tocado de uma maneira diferente. Chama-se: “A música que quero dançar…”
“O mundo manipulado, alterado e desconstruído pelo homem, me tira a espontaneidade de ser, querer e fazer. Preciso seguir regras, horários, cumprir tarefas, ter metas, objetivos, e até mesmo ambição. Pergunto-me: necessito mesmo estar onde estou? Posso sair? Dar uma de ‘louca’? Fugir do papel que a sociedade me impõe?
A bailarina não escolhe o que dançar, qual será a música, quais passos ela pode seguir, se enquadrando em um modelo criado há séculos. Não é permitido, a princípio, mudar a regra da dança ou criar novos passos (seria uma audácia!), e assim, ela segue mantendo o padrão.
Como seria eu, no corpo de bailarina, em meio a uma natureza virgem e apenas com o desejo de uma dança livre e sem regras? Como seria o meu mundo com as escolhas livres que eu gostaria de ter?”
Essa resposta hoje entendo que, em tese, nunca saberei totalmente, pois essa liberdade plena é de certa forma utópica. Precisamos não somente viver mas também conviver (é o chamado princípio da realidade de Freud). Mas talvez possamos sim, com responsabilidade e coragem, aos poucos nos permitir e arriscar a ‘pisar fora da caixa’, fazendo desabrochar esse outro ser, também nosso, adormecido ou mais precisamente, preso e sufocado dentro de nós.
Isabel Salviano